terça-feira, 15 de março de 2011

PÉS DESCALÇOS

















Na estrada da vida, meus pés tocam o chão

As pedras e os espinhos perfuram minha carne

Mas sorridente caminho, à procura de minha paz.

Lágrimas rolam de meus olhos e umedecem o solo,

Germinando rosas perfumadas e coloridas, iluminando.

Agora sigo em passos largos, pois vislumbro o grande clarão.

O sol entra em meu coração e brilha no meu rosto

Já não sinto meus pés tocarem o solo, macios, eles caminham

Entre nuvens brancas ímpares e serena, elevando meu espírito.

AMANHECI EM TI















Nos teus olhos vi o amanhecer que me abriu de novo a alma,
acordei a teu lado sem saberes,
despertei as células adormecidas em mim e voltei a viver,
renasci na areia que já tinha pisado,
e colei-me a ti.
Estou contigo sem saberes,
acompanho-te, sabendo que me sentes,
na forma de um sorriso que te preenche,
na forma de uma gota de perfume,
que te lembra que eu existo,
que te faz recordar aquilo que nunca fomos,
e te faz desejar ter mais, do que nos demos um dia.
Hoje, reabri a porta que amanhã se pode fechar,
quando traçares a tua noite por cima do meu Sol,
quando disseres ao vento que não vale a pena,
e quando as nuvens,
cúmplices da minha tristeza,
se juntarem a mim numa tempestade de lágrimas
que serão as minhas e as tuas.
Porque Eu sou Tu, e Tu és Eu.

Darcy Raposo
1995

sábado, 12 de março de 2011

NOUTRORAS







Noutroras


Que vais dizer,
se noutroras disseste a ti mesmo
que amavas aquela menina,
mulher e menina,
e seus braços abertos,
e seu riso de menina e mulher?

Que vais lhe dizer,
se noutroras criaste a coragem
e perdeste a coragem mil vezes,
se lhe roubaste mil beijos
mas eram mil sonhos,
e nunca nenhum beijo aconteceu?

Que vais lhe dizer?
Acho que não lhe dirás nada,
mas apenas
a verás passar outra vez
na rua da tua vida apaixonada.

Como noutroras,
e como nos mil amanhãs por vir
aquela menina mulher jamais saberá
o quanto foi amada.

Darcy Raposo

CAMINHOS








Caminhos...





Tu me disseste o teu não tão rapidamente!
Foram-se os anos, e eu ainda não te disse
o meu...

Sobre a chuva, quando nós nos conhecemos
não direi nada.

Sobre os sorrisos, e o doce som do teu riso,
eu me calarei.

Sobre teu beijo, hei de escrever um poema
algum dia.

Mas por este tempo, eu direi apenas isso:
que a vida tem caminhos muito dolorosos,
outros maravilhosos,

e foi num desses caminhos que eu te conheci.

Darcy Raposo

RIMA






Rima



Eu te sigo
nas asas de um poema,
ressabiado da altura vertiginosa!

Preferia seguir-te nos passos
da prosa,
no rastro do teu perfume,

mas meu coração se enche
de ciúme
dos que buscam te amar
como eu te amo...

Amo teu nome, e se acontece
que não o chamo,
é que desconfio que sabes
que me conquistaste...

Um dia, eu dava minha alma a rimar
e tu rimaste
na rima perfeita da tua.

Ah! Menina! Como eu queria morar
na tua rua!!
Ah! Sim, decerto! Decerto!

Estás tão longe!
Mas, meu amor, como estás perto,
como estás perto!

Darcy Raposo

A MENINA EM MIM









Eu era muitas.


Ali, sentada na varanda espiando a noite que passa, eu era dura. Era menina que chora e pede colo de Deus também. Era menina esvoaçante, cheia das vontades e abundantes quereres. Era menina matreira, carregada de medos e sonhos grandões. Era menina que se cuida e se arrisca, menina que mede os passos e que se joga. Menina que morde, menina que assopra. Eu era muitas.

Ali, sentada na varanda espiando a noite que passa, eu era firme. Era menina que estende os braços e abriga as pessoas com sorriso. Era menina danada, cheia de palavras boas e bem-querer. Era menina moleca, carregada de amor e ilusões. Era menina que chora e aplaude, menina que pisa na bola e que sorri. Menina que chora, menina que vibra. Eu era muitas. Ali sentada na varanda espiando a noite que passa, escolhendo a menina que caberia em mim.


Hoje eu tou pra menina semeadora do bem. Plantando sonhos nos quintais dos Homens.


Darcy Raposo